segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Crítica - Se Eu Ficar - romance adolescente baseado no best-seller do momento


Seguindo a moda lançada por A Culpa é das Estrelas

Falta alguma coisa em Se Eu Ficar. E essa alguma coisa foi suficiente para que o melodrama adolescente baseado no best-seller mundial sequer arranhasse a bilheteria de A Culpa é das Estrelas. A comparação existe, pois ambos os filmes são feitos para juvenis e contam a história de um romance interrompido por questões médicas - e foram lançados com poucos meses de separação. Por outro lado, Se Eu Ficar tem suas virtudes e garante algumas lágrimas nos olhos dos mais sensíveis.




Na trama, Mia é uma violoncelista a espera de uma resposta da lendária Juilliard School para seguir sua carreira em Nova York. Filha de pais roqueiros, (ex) namorada de Adam (vocalista de uma banda) e irmã de um caçula super-ativo que adora rock clássico, ela se sente deslocada. Não entende as citações musicais dos pais, tem vergonha de suas fotos em shows de rock no passado e não consegue se inserir na roda dos amigos do ex. Isso não impede que ela ame muito a todos eles. Numa tarde de passeio com a familia, o carro deles se choca com outro e Mia entra em coma. A partir daí o filme parte para o que sugere o título.

 Dirigido pelo próprio auto do livro, Se Eu Ficar tem uma estrutura narrativa fiel a obra, mesclando cenas de todo o drama que ocorre no Hospital, enquanto a família e amigos acompanham o pós-acidente e também flashbacks da vida deles, na construção dos personagens. O fato do filme pender para o espiritismo tira um pouco do impacto que a história dramática pode causar, pois depende muito de como cada espectador encara o tema. Algo que não ocorria em A Culpa é das Estrelas, um drama que soa muito mais real. A química entre Chloe Grace Moretz (Mia) e Jamie Brackley (Adam) também incomoda e nem é pela competência da primeira como atriz, mas talvez pelo tipo de relacionamento que envolve ambos. Por serem tão diferentes e quererem tanto seguir caminhos tão opostos, parece que aquele romance não tem muitas chances de dar certo. Torcemos para que eles fiquem juntos para sempre, mas com enorme desconfiança. Falta de empatia que sobra no relacionamento entre os pais. Roqueiros que abandonaram a vida louca para cuidar das crianças. É incrível como todos os melhores diálogos são deles. Extremamente bem humorados e, ao mesmo tempo, responsáveis, são os pais que todos os adolescentes queriam ter, e o diretor não tem pudores em citar isso num diálogo entre Mia e Adam. E quando dois coadjuvantes roubam as cenas de dois protagonistas, tiramos um pouco o mérito do roteiro. 

A edição enrosca um pouco no começo, fazendo transações bruscas entre risadas de um flash-back com cenas pesadas de hospital. Problema que se resolve depois de meia-hora de filme. 

Por falar em meia-hora, é na final que o filme realmente cresce e chega próximo de A Culpa é das Estrelas. Por mais clichê que possam parecer algumas cenas, são muito bem interpretadas. Depois de tantos flashbacks que nos conectam totalmente aos personagens, somos emocionalmente tomados pelas cenas finais, onde se discute o título de forma mais incisiva, indo além do romance e abraçando fortemente o drama familiar. Discute-se de forma implícita o suicídio e nos entrega uma protagonista com altas doses de egoísmo, até a última cena - decisão corajosa do roteiro. 

Se Eu Ficar é um bom drama romântico adolescente com dose aceitável de espiritismo. Pena que tenha sido lançado após e tão próximo de A Culpa é das Estrelas. Se você é fã do primeiro, não perca esse, mas não ache que vá chorar tanto quanto...

14/01 nas Videolocadoras.


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