Foxcatcher tem um dos mais mentirosos subtítulos já vistos
no cinema. Essa história não chocou mundo. No máximo chocou os adoradores de
luta, quem conhecia as famílias DuPont e Schultz, além do COI – Comitê Olímpico
Internacional. Por outro lado, isso não minimiza o interesse que teremos pelo relacionamento entre John DuPont (Steve Carell) e os irmãos David (Mark Ruffalo)
e Mark Schultz (Channing Tatum). Numa trinca fantástica de atuações, veremos
como o poder nas mãos de homem multimilionário e cheio de problemas
psicológicos pode acabar com a carreira de qualquer profissional que estiver a
seus cuidados.
Dave e Mark Schultz são dois irmãos que defendem os EUA no
esporte de Luta Greco-Romana. Inclusive, quando o filme começa, eles já possuem
medalhas olímpicas vencidas no evento de 1984 – aquele boicotado pela Rússia.
Dave é o mais velho e centrado, enquanto Mark apresenta problemas para se
relacionar com pessoas e dá sinais de que ter vivido a sombra do irmão mais
velho prejudicou sua auto estima, mesmo sendo capaz de ganhar uma medalha de
tamanha importância. A rotina de treinamento de ambos muda quando o milionário
John DuPont, apreciador do esporte, resolve bancar o caçula para vencer o
mundial de 1987 e as Olimpíadas de 1988, enquanto o mais velho treina-o para
tal feito. DuPont se mostra bastante excêntrico construindo um mundo de
aparências ao seu redor, ao mesmo tempo em que não esconde seu desejo de
dominar Dave, Mark e outros lutadores que ele treina em sua propriedade,
chamada Foxcatcher.
A força do filme está na direção, vencedora do prêmio em
Cannes ano passado. Benneth Miller (Capote) conduz o elenco de forma magistral.
Enquanto Steve Carell dá aos maneirismos e excentricidade de DuPont veracidade
inquestionável, Channing Tatum parece ter nascido para viver Mark com toda sua
reclusão e olhar distante. É, de longe, a melhor interpretação de ambos na
carreira. Tarefa ainda mais difícil talvez seja a de Mark Ruffalo, que precisa
arrancar leite de pedra de seu personagem comum para não ficar abaixo das
outras duas interpretações. O timing perfeito é dado por Miller, dando os devidos intervalos entre os diálogos. A quase ausência de qualquer trilha
sonora também caiu bem a fotografia escolhida. O ritmo é lento, mas todas as cenas que envolvem Carell estão
carregadas de tensão e isso ajuda muito para não se perca o interesse pela
trama. E como o subtítulo apenas tenta lhe transformar numa ignorante por não
saber como tudo termina, passamos a meia hora final interessados em saber como
será o desfecho desse relacionamento a três.
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