quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Crítica: Foxcatcher - a melhor direção de elenco entre os selecionados ao Oscar


Foxcatcher tem um dos mais mentirosos subtítulos já vistos no cinema. Essa história não chocou mundo. No máximo chocou os adoradores de luta, quem conhecia as famílias DuPont e Schultz, além do COI – Comitê Olímpico Internacional. Por outro lado, isso não minimiza o interesse que teremos pelo relacionamento entre John DuPont (Steve Carell) e os irmãos David (Mark Ruffalo) e Mark Schultz (Channing Tatum). Numa trinca fantástica de atuações, veremos como o poder nas mãos de homem multimilionário e cheio de problemas psicológicos pode acabar com a carreira de qualquer profissional que estiver a seus cuidados.



Dave e Mark Schultz são dois irmãos que defendem os EUA no esporte de Luta Greco-Romana. Inclusive, quando o filme começa, eles já possuem medalhas olímpicas vencidas no evento de 1984 – aquele boicotado pela Rússia. Dave é o mais velho e centrado, enquanto Mark apresenta problemas para se relacionar com pessoas e dá sinais de que ter vivido a sombra do irmão mais velho prejudicou sua auto estima, mesmo sendo capaz de ganhar uma medalha de tamanha importância. A rotina de treinamento de ambos muda quando o milionário John DuPont, apreciador do esporte, resolve bancar o caçula para vencer o mundial de 1987 e as Olimpíadas de 1988, enquanto o mais velho treina-o para tal feito. DuPont se mostra bastante excêntrico construindo um mundo de aparências ao seu redor, ao mesmo tempo em que não esconde seu desejo de dominar Dave, Mark e outros lutadores que ele treina em sua propriedade, chamada Foxcatcher.


A força do filme está na direção, vencedora do prêmio em Cannes ano passado. Benneth Miller (Capote) conduz o elenco de forma magistral. Enquanto Steve Carell dá aos maneirismos e excentricidade de DuPont veracidade inquestionável, Channing Tatum parece ter nascido para viver Mark com toda sua reclusão e olhar distante. É, de longe, a melhor interpretação de ambos na carreira. Tarefa ainda mais difícil talvez seja a de Mark Ruffalo, que precisa arrancar leite de pedra de seu personagem comum para não ficar abaixo das outras duas interpretações. O timing perfeito é dado por Miller, dando os devidos intervalos entre os diálogos. A quase ausência de qualquer trilha sonora também caiu bem a fotografia escolhida. O ritmo é lento, mas todas as cenas que envolvem Carell estão carregadas de tensão e isso ajuda muito para não se perca o interesse pela trama. E como o subtítulo apenas tenta lhe transformar numa ignorante por não saber como tudo termina, passamos a meia hora final interessados em saber como será o desfecho desse relacionamento a três. 


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