terça-feira, 15 de julho de 2014

Crítica: Noé e a liberdade artística tomada pelo diretor

Todos querem uma lugar na arca de Noé...

Todo mundo conhece a história de Noé, mas ninguém se lembra exatamente de tudo o que acontece nas páginas de Gênesis destinadas ao filho de Matusalém. Será que o respeitado diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro, O Lutador, Requiem Para Um Sonho) apostou nisso para tomar tantas liberdades artísticas ao realizar esse épico bíblico?



 Noé (Russel Crowe) vive com a esposa Naameh (Jennifer Connely) e os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logar Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll) em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar Matusalém (Anthony Hopkins). Durante o percurso ele acaba salvando a vida da jovem Ila (Emma Watson), que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada. 

Uma super-produção de US$ 125 milhões que chegou aos US$ 360 milhões de faturamento mundial e está entre as maiores bilheterias do Brasil este ano. O diretor Darren Aronofsky realiza aqui seu sonho de criança, filmando a história bíblica da forma que sempre quis e com todas as suas liberdades artísticas. As poucas páginas de Gênesis destinadas a Noé e sua família ganham outra dimensão ao expandir tramas paralelas pra lá de dramáticas. Há uma batalha, literalmente falando, entre Noé e descendentes de Caim, que também pretendem embarcar na Arca. A própria personagem de Emma Watson não aparece na Bíblia, assim como a “falta de esposas” de seus dois filhos mais jovens. Noé também ganha contornos de um vegetariano bastante mala, que mais tarde se transforma num atormentado homem que não entende a vontade de Deus em querer eliminar a Terra dos seres humanos, apesar de ser até fiel demais na intenção de cumpri-la. 

Os efeitos visuais são mais impressionantes nas cenas da inundação do que na recriação dos animais e nos milagres de Deus, mas não estraga o espetáculo. 

O elenco principal conta com épicas (e melodramáticas) interpretações Russel Crowe, Jennifer Connely (que esteve em Requiem Pra Um Sonho), Anthony Hopkins, Emma Watson e Logan Lerman, estes dois últimos foram par romântico no cult adolescente As Vantagens de Ser Invisível. A grande surpresa do elenco é mesmo Emma Watson, que promete ter longa vida como estrela de Hollywood após ter dedicado dez anos de sua vida a franquia Harry Potter.

No final das contas, você que gosta de filmes mais comerciais achará que assistiu a um bom filme, apesar das estranhas passagens e da tonelada melodramática. Já os mais exigentes questionarão várias das direções tomadas pelo diretor, que aqui entrega seu mais fraco roteiro, prejudicando sua excelente filmografia.

Agosto nas videolocadoras.


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