segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Crítica: O Planeta dos Macacos - O Confronto supera o primeiro filme

O Confronto vai além da luta entre raças

Superior ao original em quase todos os aspectos, ainda que isso seja possível, O Confronto muda de tom e, justificando a semente plantada no filme original, opta pelo sombrio. 


Logo na introdução descobrimos, de forma resumida, que um vírus (A Gripe Simia) matou todos os humanos que não eram imunes. Alguns dos poucos que sobraram escondem-se numa San Francisco apocalíptica que vive com energia provinda do pouco combustível que resta. Os macacos se encontram na mesma floresta onde foram vistos dez anos antes, só que já vivendo numa comunidade bastante organizada. Tudo está "muito bem", até o dia em que um grupo de humanos, na intenção de consertar a energia gerada por uma represa, encontra os macacos e não demora muito para que as hostilidades (re)comecem.

Assim como vemos na franquia X-Men, aqui temos uma luta de "raças" que também pode ser comparada ao racismo e preconceito que conhecemos tão bem em nosso mundo. O roteiro de Mark Bomback (Wolverine: Imortal), exceto por um ou outro clichê, acerta em cheio ao mostrar que em toda comunidade existem pessoas com boas e más intenções, assim como altruísmo e egoísmo. O confronto do subtítulo não é simplesmente entre homens e macacos, mas principalmente entre eles mesmos dentro de sua própria comunidade. É muito bom ver uma produção hollywoodiana desse porte abrindo esse tipo de discussão. 

O tom sombrio citado no início deste texto está presente praticamente da primeira a última cena. Não seria por menos, pois o sofrimento que ambos os lados passaram para chegar até aquele ponto não permite uma fagulha de total confiança no lado oposto. Tudo isso somado a um ambiente apocalíptico de ruínas, numa direção de arte muito caprichada. 

Além disso, O Confronto também é superior ao primeiro nos efeitos digitais. Ousa-se abrir o filme num close que mostra cada detalhe do rosto de Cesar, o líder símio, e nos desafia a encontrar qualquer falha. Até mesmo nas cenas de batalhas e movimentos rápidos, dificilmente você lembrará de que se trata de efeitos digitais e não de macacos reais. Na minha opinião, barbada para o Oscar 2015 neste quesito.

A direção de Matt Reeves (dos ótimos Cloverfield e Deixe-Me Entrar) é muito competente. Em cenas chaves, ele surpreende por escolher pontos de vistas diferentes das tradicionais, lembrando muito o estilo usado por Alfonso Cuaron em "Filhos da Esperança" (06), por exemplo. Outra opção acertada foi mostrar os macacos se comunicando na maior parte do tempo por sinais e não falando como humanos. 

O único senão são os personagens humanos, incluindo aí o vivido pelo sempre ótimo Gary Oldman. Diferente da multidimensionalidade presente nos personagens símios, os humanos são bons, maus ou idealistas e só. Esse problema também aconteceu no filme anterior, e torcemos para que seja "resolvido" na terceira parte. Sim, o roteiro deixa aberto para um novo filme - é claro.

Assim como em "X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido", este filme está além da média dentre os grandes lançamentos do ano. Não perca.

Janeiro nas Videolocadoras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário