terça-feira, 7 de outubro de 2014

Crítica - Mesmo Se Nada Der Certo - para compositores e corações surrados!

Quando a paixão maior é o momento vivenciado

Se a sua praia é comédia romântica que pende para o conto de fadas, então nem aposte neste ótimo exemplar de filme com personagens de carne e osso. Por mais que todos eles tenham seu envolvimento com a indústria musical - um mundo que normalmente acompanhamos a distância - eles são parecidos conosco, tem relacionamentos absurdamente parecidos com os nossos e levam suas vidas com todos os devidos tropeços na vida do publico que o assiste.




Os dois personagens centrais não estão em seus melhores momentos na vida. Dan (ótimo Mark Ruffalo) perdeu o emprego dentro da própria gravadora que fundou anos atrás e Gretta (Keira Knightley) acaba de levar um pé na bunda do namorado que virou rock star (Adam Levine da banda Maroon 5). Aliado a isso, eles estão rodeados de outros "perdedores", como músicos que ainda não se encontraram no meio artístico. Pra piorar, Dan está separado e sua esposa e filha ainda não se adaptaram a nova vida. E não é que as canções mais inspiradas da história nasceram do fundo do poço onde estava a alma desses perdedores? Dan conhece Gretta num barzinho, onde a garota dá uma desleixada canja. Ele gosta tanto da verdade transmitida (e do talento da moça) que acaba por propor produzir um álbum para ela. Nasce aí um novo início para a vida de ambos - de onde vem o título original: "Begin Again".

O diretor John Carney já "cantou esta canção" - com o bolso mais vazio - em Apenas Uma Vez (06), que até recebeu um Oscar de Melhor Canção. Se desta vez, a grande produção se sobrepos a história - inclusive isso é citado num diálogo - ainda assim fica acima da média entre as comédias românticas que estamos acostumados a conferir. Talvez o exemplo mais próximo disso seja o filme "Letra e Música" (07) de Marc Lawrence. Lá tudo é costurado para que os personagens se apaixonem através da música que produzem. Aqui, vemos a desconstrução ou afirmação de tudo o que os personagens carregam em suas bagagens. Cenas românticas como compor juntos uma música ou passear a noite pela cidade dividindo o fone de ouvido, ganham outra dimensão, quando percebemos que a paixão maior está no momento vivenciado.

Altamente indicado para fãs de Apenas Uma Vez, pois as semelhanças são muitas. Em ambos os filmes acompanhamos o processo de gravação de um disco, por exemplo. Apaixonados por música terão maior apreço pela história, é claro, devido a identificação com o que é retratado. Também aqueles com corações surrados que conhecem as desventuras do amor e entenderão cada desejo escondido sob a barreira de auto-proteção de olhares penetrantes e desconcertantes. A música? É muito boa. Arrisque! 

Novembro nas videolocadoras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário