quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Crítica: Godzilla - tão grande que não cabe inteiro na tela

Conseguimos uma rara imagem de Godzilla de corpo inteiro!

Não foi dessa vez que conferimos um filme de Godzilla a altura de sua magnitude. Símbolo japonês da era Hiroshima, nem mesmo isso os norte-americanos respeitaram nesta versão "Fatzilla" do monstro. A fotografia escura, aliada a obsessão do diretor em esconder o astro, torna frustrante a experiência deste programa.




O roteiro de Godzilla é tão ruinzinho que poderíamos até livrar a cara do diretor iniciante Gareth Edwards (do interessante Monsters), mas o próprio também não ajuda. O material do roteirista Max Borenstein não tem diálogos interessantes e nem permitiu que ótimos atores como Aaron-Taylor Johnson (Kick-Ass) e Elizabeth Olsen (Versos de Um Crime) fossem além do piloto automático sem muito esforço. O coitado do Ken Watanabe passa toda a projeção com cara de assustado pipocando frases curtas típicas de cientistas orientais. Desperdiçar nomes como Juliette Binoche, Sally Hawkins e David Strathairn com tão pouco tempo em cena e tão poucas palavras é jogar dinheiro no lixo, além do desserviço a comunidade cinéfila. Salva-se o ótimo Bryan Cranston (do seriado Breaking Bad) que faz de tudo para não cair no óbvio do cientista louco - apesar do designer de produção se esforçar ao encher seu apartamento com colagens na parede. Desfeita maior talvez tenha sido alterar a origem do monstro japonês, que todos sabem ter sido despertado das profundezas e ter ficado superpoderoso devido a radiação nuclear, ou melhor, a partir de resquícios de Hiroshima e Nagasaki. Nesta versão, as armas nucleares só foram usadas para aniquilar o monstro em sua primeira aparição nos anos 50. Isso, vindo justamente dos norte-americanos. Caras-de-pau. 

Então restava a direção do jovem Gareth Edwards salvar a produção. E ele tentou. Suas tomadas aéreas dos monstros são sempre feitas de helicópteros e quando os vemos de baixo, é sempre do ponto de vista de algum personagem, tentando ao máximo nos colocar dentro da ação. Ele pincela aqui e ali, durante toda a projeção, de boas surpresas distraindo-nos antes de colocar os monstros ou trens incendiados a nossa frente. Difícil é saber se a ordem de usar fotografia tão escura e tantos cenários noturnos foi da Warner para esconder defeitos visuais, pois Seamus McGarvey (diretor de fotografia indicado a dois Oscar - Anna Karenina e Desejo e Reparação) nunca trabalhou com tons tão escuros. É inevitável não praguejar quando um soldado grita: "Você viu aquilo?". Logo pensamos: "Juro que estou tentando". Não bastasse isso, a edição de Bob Ducsay, que foi tão boa em Looper: Assassinos do Futuro, falha ao criar tanta expectativa com relação a mostrar Godzilla, que quando resolve fazê-lo, resta pouco tempo em cena para o monstro. Uma pena. Neste quesito, Peter Jackson goleou de 10 quando fez de King Kong um verdadeiro protagonista.

De qualquer forma, com os US$ 500 milhões de faturamento mundial, a continuação já está garantida. Torcemos para que o roteiro vá parar nas mãos de outro e que a Warner libere filmagens durante o dia. Todos continuam querendo ver Godzilla. 

Minha dica é alugar o filme em Blu-ray 2D, não dar bola para o raso roteiro e se divertir com as brigas entre os monstros no meio de metrópoles. Haja destruição.


Nenhum comentário:

Postar um comentário