terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Shirley Temple - a ex-garota prodígio de Hollywood - morre nos EUA

Shirley Temple em "O Pássaro Azul"

Quando pensamos em crianças prodígio do cinema, ainda pensamos em Macaulay Culkin. Não estou falando sobre astros que começaram timidamente em Hollywood como Jodie Foster, Christian Bale, Kirsten Dunst ou Scarlett Johansson e tornaram-se o que são. Estou falando sobre meteoros. Crianças que lideraram bilheterias e que ganharam Hollywood ainda crianças, antes de tornarem-se astros na fase adulta. Boa parte deles, como Culkin, mal passaram a adolescência na ativa e já caíram no esquecimento. 

Shirley Temple foi um caso diferente.
 Nos anos 30, era comum uma atriz (ou ator) participar de mais de cinco filmes por ano. Produções baratas de sucesso. Poucas salas para exibição. Temple, aos 8 anos, fez sete filmes em 1934, quatro filmes em 1935, outros quatro em 1936 e assim já era a maior estrela infantil nos anos que se seguiram. Foi a adolescente mais assediada pelo produtores na década de 40. E nem por isso, ela superestimou sua própria importância para o meio - mesmo sendo uma percursora.

Shirley Temple ao final da carreira em "Sangue de Heróis" (48)

Ela abandonou a carreira em 1949. Tinha 21 anos. Depois disso dedicou sua vida profissional a política. Foi embaixadora dos EUA em países com Gana e Tchecoslováquia. Além de outras funções menores para governantes como Nixon, Jimmy Carter e George W. Bush.

Ela faleceu ontem aos 85 anos. Causas naturais. CAUSAS NATURAIS. 

Havia um tempo em que ser celebridade na infância não custava sua própria vida. Talvez o maior exemplo desta mudança tenha sido Michael Jackson. Criança prodígio que não se adaptou ao assédio extremamente constante e cresceu como um enigma. Fez sucesso durante a juventude, mesmo achando que ainda era uma criança. Morreu e mesmo assim as pessoas não conseguiram vê-lo como um humano normal e adulto. Torcemos para que Justin Bieber não tenha o mesmo destino - por mais que ele tente. 
Embaixadora de Gana

Vemos tantas crianças prodígios serem indicadas ao Oscar e terem carreiras tímidas após esse período. De Anna Paquin (O Piano, 93) a  Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora, 13), dezenas delas apareceram e praticamente sumiram. Temple não foi uma delas.

Lembro de que na minha infância oitentista, quando a Rede Globo reprisava nas férias o clássico O Pássaro Azul (40), Temple era sucesso infantil em Hollywood, mesmo 40 anos após ter abandonado a carreira. Depois de adulto fui descobrir que aquela criança que sempre buscava um novo e bom caminho em seus longa-metragens seguia sua ideologia na vida adulta, mesmo fora do meio que a criou. A atriz tornou-se figura política respeitada e adorada. 

Após tantos e tantos anos de abandono á setima arte, Temple pode ter se tornado uma atriz de menor importância para as novas gerações, mas nós de gerações anteriores torcemos muito para que ela seja no mínimo exemplo. Uma criança prodígio de Hollywood, que tentou manter a carreira em alta na adolescência, que descobriu ter aptidão para melhorar as coisas como política, tornou-se exemplo exatamente nisso e faleceu aos 85 anos de causas naturais.

O falecimento de Shirley Temple pode não ter significado muito pra grande maioria, mas significou muito pra nós que reconhecemos e sabemos de seu esforço. A cada filho de Will Smith que nasce, torcemos para que uma Shirley Temple surja.




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